17 de maio de 2014

Um conceito chamado gênero

Objetivos
Conceituar gênero, sexo e identidade de gênero.
Reconhecer que existem diversas feminilidades e masculinidades.
Refletir sobre os aspectos da socialização feminina e masculina que transformam as diferenças entre homens e mulheres em desigualdades.

Materiais necessários
Folhas grandes de papel
3 cartões (20x10 cm), um escrito HOMEM, outro MULHER e o terceiro SEXO
Fita crepe ou adesiva
Canetas de ponta grossa
Tiras de papel
Desenho de uma árvore bem grande
Texto: Identidade de Gênero para todos (as)
Folha de cartolina com um termômetro desenhado do lado esquerdo, e dividida horizontalmente em três partes (frio, morno, quente)

Questões a serem respondidas

1. O que é ser mulher?
2. O que é ser homem?
3. Como as crianças aprendem qual deve ser o comportamento de uma mulher ou de um homem?
4. Em quais lugares e espaços sociais estão as mulheres? E os homens?
5. Em que situações uma adolescente ou jovem se sente discriminada pelo fato de ser mulher?
6. Em que situações um adolescente ou jovem se sente discriminado pelo fato de ser homem?

Integração

            Cole três folhas grandes de papel na parede, formando três colunas.
Coloque a palavra MULHER na primeira coluna e cole a palavra HOMEM na terceira coluna. Inicialmente, peça aos (às) participantes para falarem o que lhes vêm à cabeça, quando escutam a palavra “mulher”. Escreva as palavras na primeira coluna, à medida que forem falando. Repita a mesma atividade para a coluna “homem”.
Quando esgotarem as características leia cada uma das duas colunas.
Troque os títulos de cada coluna, substituindo a palavra “mulher” pela palavra “homem”, na primeira coluna, e vice-versa em relação à terceira coluna. Pergunte aos/às participantes se as características listadas para as mulheres também poderiam ser atribuídas aos homens e vice-versa.
Na coluna do meio, coloque aquelas que não podem ser atribuídas aos dois sexos, ou seja, as ligadas à biologia. Coloque o cartão com o título SEXO nessa segunda coluna.
Apresente aos (as) participantes os conceitos de gênero e identidade de gênero, explicando que:

Gênero é como nós somos socializados, ou seja, é formado pelas atitudes, comportamentos e expectativas que a sociedade associa ao que é ser homem ou ser mulher. Elas podem ser aprendidas com os amigos (as), a família, nas instituições culturais, educacionais e religiosas ou ainda nos locais de trabalho.

Identidade de gênero refere-se à experiência interna e individual do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo biológico. A identidade de gênero inclui a consciência pessoal do corpo, no qual podem ser realizadas, por livre escolha, modificações estéticas ou anatômicas por meios médicos, cirúrgicos ou outros. Lembremos, em especial, das pessoas transexuais masculinas e femininas e das travestis. Todos (as) nós temos nossa identidade de gênero, pois se trata da forma que nos vemos e queremos ser vistos, reconhecidos e respeitados, como homens ou como mulheres.

Atividade

  1. Divida os (as) participantes em quatro grupos e peça que façam uma lista com todas as informações que são passadas para as crianças, na infância, sobre ser menino ou menina. Por exemplo: “menino não chora” e “menina tem que sentar de perna fechada”. Distribua tiras de papel e peça que escrevam cada informação em uma tira.
  2. Coloque o desenho da árvore na parede.
  3. Quando terminarem, cada grupo deve fixar suas tiras na raiz da árvore. Os relacionados aos meninos do lado esquerdo e às meninas do lado direito (ou vice-versa).
  4. Depois, peça que reflitam sobre quem costuma dar essas informações para as crianças (família, escola, sociedade, religião e mídia). Peça que, novamente, escrevam as conclusões nas tiras, mas que, agora, as colem no tronco da árvore. Na sequência, proponha uma reflexão conjunta sobre como as pessoas adultas – homens e mulheres – se comportam sendo criadas sob essas orientações.
  5. Os resultados dessa reflexão deverão ser escritos nas tiras e colados como frutos. Quando terminarem, leia de cima para baixo, as respostas que foram dadas e pergunte às/aos participantes a que conclusões se pode chegar olhando para a árvore.
  6. A partir das conclusões, construa o conceito de gênero, em conjunto com as participantes, e aprofunde discutindo o porquê da existência das desigualdades de gênero, onde elas se manifestam, as formas como se expressam e os mecanismos que as reproduzem, a partir das questões a serem respondidas.
  7. Distribua o texto Identidade de Gênero (abaixo) e proponha uma leitura coletiva.

Conclusões

Gênero se refere ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que definem o que significa ser mulher ou homem na vida social.
Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais e desequilibradas, no que se refere ao poder atribuído a mulheres e homens.
As desigualdades de gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais, assim como nas identidades, atitudes e comportamentos das pessoas.
As relações de gênero, quando desiguais, tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e econômicas e contribuem para a manutenção de contextos, atitudes e comportamentos violadores dos direitos humanos, tais como a discriminação em função da classe socioeconômica, nível de escolaridade, raça e etnia, idade, orientação sexual, condições de saúde ou deficiência, dentre outras.
Os atributos e papéis relacionados ao gênero não são determinados pelo sexo biológico. Eles são construídos histórica e socialmente e podem ser transformados.

Finalização da oficina

Coloque a folha de cartolina com um termômetro desenhado do lado esquerdo e dividida, horizontalmente, em três partes (frio, morno, quente).
Distribua as canetas coloridas entre todos (as) os (as) participantes e solicite que marquem o que acharam dessa atividade: se foi fria, morna ou quente. Quando terminarem, explore com eles (elas) os pontos positivos e negativos da atividade.

Texto: Identidade de gênero: muitos modos de ser menino e menina

Todos (as) nós, por sermos física e psiquicamente diversos, também expressamos em nossas relações afetivas e sexuais essa diversidade e pluralidade. Ou seja, há muitas maneiras de ser homem e mulher, menino e menina.
Há meninos meigos, sensíveis e atenciosos; há meninas agressivas; meninas que têm interesses por máquinas e cálculos; há meninos brutos; há meninas sensíveis, doces; há meninos que choram e meninas que evitam se expor; há meninos que gostam de cozinha e meninas que detestam. No entanto, somos permanentemente socializados (as) para associar determinados gestos ou opções ao universo exclusivamente masculino, ou feminino, como se não houvesse uma variedade infinita de opções e formas de ser e de estar no mundo.
Os modos socialmente construídos de “ser homem” e “ser mulher” afetam, não somente as relações entre homens e mulheres, mas também as relações vividas com pessoas do mesmo sexo: os meninos tidos como frágeis podem sofrer discriminação dos (as) seus colegas. E as meninas que gostam de jogar futebol podem ser mal vistas pelas outras meninas, pelos meninos e também pelos (as) adultos (as).
Ao nascer menino ou menina, a pessoa, ao longo da vida, forma sua identidade de gênero, que pode sofrer mudanças conforme seus sentimentos, sua percepção sobre si, suas relações com o mundo. Ou seja, nossa identidade é formada pela nossa interioridade (vida psíquica) e exterioridade (interação com o meio social). E dessa relação construímos uma maneira única de ser, que se manifesta em nossos gestos, na maneira como nos vestimos, em nossos adereços, palavras e atitudes. A identidade de gênero é a maneira como alguém se sente e se expressa como homem ou mulher para si e para as pessoas a sua volta, e como deseja ser reconhecido (a) pela sociedade. Em alguns casos, a pessoa se apresenta como homem e mulher, sem que isso corresponda ao seu sexo biológico, como é o caso das travestis. Os (as) transexuais, por sua vez, são pessoas que, tendo nascido do sexo masculino ou feminino, identificam-se como sendo do gênero oposto. Essa identificação conduz, em geral, mas não de forma exclusiva, à modificação hormonal e/ou cirúrgica do corpo e, em particular, dos órgãos genitais.

Devemos lembrar que existe uma infinita variação de comportamentos, de atitudes, de possibilidades de atração afetiva e sexual. A isso chamamos de “diversidade sexual”. “Porém, homens e mulheres que fogem do padrão são geralmente vistos como “ameaças”, aberrações” e sofrem em função dos estigmas e preconceitos e, muitas vezes, são vítimas de discriminação. Gays e lésbicas, travestis e transexuais ainda não são facilmente respeitados ou valorizados por nossa sociedade. Devemos estar atentos (as) e enfrentar o preconceito e a intolerância contra as pessoas que têm expressões afetivas e sexuais por outras do mesmo sexo. Devemos assegurar os direitos humanos e a dignidade de todas as pessoas.