31 de dezembro de 2017

O envelhecimento

O envelhecimento é um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível, no qual ocorrem alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, comportamentais e psicossociais. Assim sendo, há uma diminuição na saúde, na funcionalidade, na autonomia e na qualidade de vida da pessoa.

O envelhecimento pode traduzir-se, parcialmente, pela diminuição da estatura e do peso, perda de tecido ósseo e muscular, aumento da gordura corporal e diminuição da quantidade de água corporal.

Compreender as mudanças na composição corporal que acompanham o processo de envelhecimento e as suas implicações na saúde é de suma importância, tanto para o conhecimento gerontológico como para o suporte nutricional do idoso. Estas mudanças estão diretamente implicadas com o estado funcional e de sobrevivência da população idosa.

O envelhecimento e as Alterações corporais

Durante o envelhecimento natural do nosso organismo, as funções fisiológicas começam a declinar progressivamente após os 25 anos, sendo que este ritmo de declínio não é uniforme entre as pessoas, e que em um mesmo indivíduo, o declínio da função de seus órgãos também ocorre em ritmo diferente.

Dentre as alterações corporais fisiológicas, as medidas antropométricas são as mais afetadas. Aqui, uma dessas mudanças que é mais visível é a que diz respeito à estatura, pois esta se mantém até os 40 anos de idade, porém, depois disso, há uma redução de cerca de um centímetro por década, condição esta que se acentua aos 70 anos. Isso ocorre devido alterações na coluna vertebral, arqueamento dos membros inferiores e achatamento do arco plantar. Ademais, o peso, outra medida antropométrica, também sofre redução após os 60 anos, havendo limitação do Índice de Massa Corporal (IMC), e redução do peso dos órgãos.

Os idosos sofrem alterações nos órgãos do sentido, então, no que diz respeito ao paladar, eles possuem uma redução da sensibilidade por gostos primários, como doce, amargo, ácido e salgado. Para mais, ainda há uma redução do número de gemas gustativas, uma vez que jovens possuem 250 gemas gustativas por papila e após os 70 anos, esse número decai para menos de 100 gemas gustativas por papila.

E outra alteração muito comum de observarmos nos idosos é a hipodipsia, ou seja, uma redução na sensação de sede, o que ocorre por disfunções cerebrais e diminuição da sensibilidade dos osmorreceptores.

Existe também uma alteração importante com relação à água corporal total. Há uma redução de 15% a 20% da quantidade de líquidos no organismo, principalmente da água que fica dentro das células, a chamada água intracelular. Quando consideramos a redução de líquidos e o aumento de gorduras no organismo, entendemos que há alteração, tanto na absorção, quanto no metabolismo e excreção de medicamentos. Existem drogas chamadas lipofílicas, aquelas que se ligam à gordura. Exemplo disso é o Diazepam, medicamento que, por ter efeito cumulativo e ligar-se à gordura corporal, tem uma vida média no organismo do idoso de 80 horas e, por isso, pode haver dificuldade para ser eliminada. Pensando nisso, deve ser evitado o uso excessivo de medicamentos pelo idoso devido à dificuldade em metabolizar e excretar alguns remédios.

A redução de ingestão alimentar, a “anorexia do envelhecimento”, é fator importante no desenvolvimento e progressão da sarcopenia, principalmente quando associada a outras co-morbidades. Múltiplos mecanismos levam à ingestão alimentar reduzida no idoso, tais como perda de apetite, redução do paladar e olfato, saúde oral prejudicada, saciedade precoce (relaxamento reduzido do fundo gástrico, aumento da liberação de colecistocinina em resposta à gordura ingerida, elevação da leptina). Fatores psicossociais, econômicos e medicamentosos também estão envolvidos.

Em um adulto normal estima-se que a perda de massa e força muscular pode extrapolar o que seria normal ou próprio do envelhecimento (senescência). Nesse caso temos uma condição, que podemos chamar de síndrome, denominada sarcopenia – derivada do grego (sarkpenia – sark = carne / penia = perda), diz respeito à perda de massa muscular levando, como consequência, a diminuição da sua função.

Em um adulto normal estima-se que a perda de massa muscular ocorra na proporção de 1 a 2% ao ano, podendo esta ser diminuída com medidas preventivas. Se levarmos em consideração estes valores descritos em inúmeros trabalhos da literatura, podemos aceitar que na 8ª década da vida o idoso terá somente 50% de sua massa muscular da juventude.

Outra alteração relevante é a redistribuição desse tecido adiposo. Ocorre uma redução da quantidade de gordura nos membros (braços e pernas) e um aumento do acúmulo de gorduras na região do tronco, aumentando, assim, a chamada gordura central. Quando essa gordura está intrínseca aos tecidos mais internos (viscerais), tem-se aumento da probabilidade de o indivíduo apresentar doenças cardíacas.

O diagnóstico é dado a partir da presença de redução ou perda em 2 dos 3 critérios abaixo:

Massa muscular: quantidade de tecido muscular do corpo. Um adulto saudável deve possuir em torno de 60% de massa muscular em seu corpo.
Força muscular: tensão que o músculo é capaz de gerar em um determinado movimento. Por exemplo, aperto de mão.  
Função muscular: capacidade de produzir movimento. Por exemplo, segurança e velocidade em levantar da cadeira e sair andando.

As intervenções em geral para prevenir ou reverter quadros de Sarcopenia ainda estão restritos à alimentação e ao exercício físico.

Para manter a qualidade, os adultos mais velhos devem cumprir um programa de atividade física que inclui força muscular (musculação, pilates, etc.) e ficar atentos à ingestão de proteínas e aminoácidos.

O ideal é fazer exercícios físicos sob a orientação de um profissional de educação física. A alimentação também deveria ser avaliada e corrigida por nutricionista. Em casos mais graves e específicos, pode-se fazer uso de suplementos alimentares específicos. Mas, idosos com deficiência renal devem procurar um médico, pois a maior ingestão de proteínas e aminoácidos pode comprometer ainda mais a funcionalidade dos rins.

Fonte de pesquisa


Formas de tratamento da sarcopenia:

Dieta: sabemos que a quantidade de ingestão alimentar diminui com o envelhecimento. Grande parte dessa perda “natural” de massa muscular é devido um déficit nutricional relacionado a proteínas, vitamina D e antioxidantes. Aminoácidos específicos (como a leucina) são fontes importantes para a estimulação de vias de sinalização para síntese proteica.
Medicação: em alguns casos pessoas que desenvolvem sarcopenia não podem realizar exercícios físicos e precisam utilizar drogas para controlar a perda de massa magra. Muitas tecnologias estão sendo desenvolvidas para criar medicamentos que previnam essa perda de músculos, porém essa ainda é uma área em desenvolvimento. Substâncias que são utilizadas são os hormônios. O Hormônio de Crescimento (GH) parece ser uma boa estratégia, porém ainda não está claro quais seus efeitos adversos a saúde. Outra substância é a testosterona, que também apresenta ótimos efeitos no controle da massa muscular, porém  associada a muitos eventos cardiovasculares adversos.
Exercício físico: o treinamento com resistência progressivo (a famosa musculação) é estratégia de tratamento mais utilizada. Além de ser de baixíssimo custo, apresenta ótimos resultados no controle da massa muscular. Treinamentos com frequências de 2 a 3x por semana já apresentam efeitos positivos na avaliação de velocidade de marcha. O treinamento aeróbio, flexibilidade e exercícios funcionais também são utilizados no tratamento da sarcopenia. Entretanto, de forma não surpreendente o treinamento aeróbio parece não apresentar efeitos no combate a sarcopenia.