Cada sociedade atribui às pessoas funções e
identidades diferentes, de cordo com o entendimento que tem do que é ser homem
ou ser mulher. Assim, o termo gênero é usado para definir as atitudes e
comportamentos que serão esperados de cada um dos sexos.
Durante muito tempo, o gênero feminino foi
caracterizado como “sexo frágil“, sendo as mulheres encarregadas do cuidado com
os (as) filhos (as), o marido, a família e a casa.
Ultimamente, graças às lutas das mulheres por
igualdade, o entendimento do gênero feminino mudou, e elas passaram a ocupar
funções antes tipicamente associadas ao gênero masculino, como trabalhar fora
de casa ou assumir cargos políticos. Nesse sentido, dizer que não é permitido
qualquer tipo de discriminação com base no gênero significa dizer que todas e
todos merecem igual respeito da lei, dos governantes e das pessoas em geral,
independentemente de seu sexo biológico, da identidade que assumam ou do papel
social que exerçam.
Para se chegar a esse conceito, há todo um
processo histórico como mostra os itens abaixo:
- O conceito de gênero surgiu na década de 1970, na Europa e nos Estados Unidos, e ganhou força no Brasil, a partir dos anos 80.
- Década de 70 - os estudos sobre a mulher no Brasil pretendiam preencher lacunas do conhecimento sobre a situação das mulheres nas diversas esferas da vida social e ressaltar a posição de exploração/subordinação/opressão a que estavam submetidas.
- Década de 80 - o conceito ganha mais força ao enfatizar os aspectos relacionais e culturais da construção social do feminino e masculino. É a partir daí que os homens passaram a ser incluídos como sujeitos e, também, a serem considerados nos estudos.
- Década de 90 – após a Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (Cairo, 94) aumenta o foco nos estudos e intervenções, por parte de organizações não governamentais e dos setores governamentais na formulação de políticas públicas.
O gênero nas relações sociais
Do ponto de vista feminino, na
maioria das sociedades, é visível a desigualdade entre homens e mulheres, nos
diferentes espaços sociais. Veja alguns exemplos:
Na família –
Ainda hoje é comum definir o homem como o “chefe da família”, responsável pelo
sustento do grupo familiar, e a mulher como a principal responsável pela
educação das crianças, pelo cuidado da casa. As mulheres trabalham fora, em diferentes
profissões, mas ainda é socialmente esperado que elas também administrem os
afazeres domésticos e o cuidado com a família. Apesar de significativas mudanças
culturais, a socialização de meninos e de meninas é marcada pela diferenciação,
desde a escolha de brinquedos e brincadeiras até a cor da roupa. É raro, por
exemplo, estimular os meninos a brincarem de casinha, com panelinhas e bonecas.
Isso é, a socialização de meninos
e meninas tende a definir qual o comportamento esperado para eles na vida
adulta.
No mercado de trabalho – Há algumas décadas, mulheres vêm atuando em
profissões que antes eram exclusivamente exercidas pelos homens, tais como
conduzir trens, trabalhar na construção civil, fazer cirurgias, seguir carreira
militar etc. Mesmo assim, as mulheres ainda ganham salários menores em uma
mesma profissão. Elas estão mais presentes em profissões que envolvem cuidado
com o outro e em prestação de serviços. São maioria como professoras,
enfermeiras, empregadas domésticas etc. Essas profissões são pouco valorizadas
pela nossa sociedade.
Na política –
Se compararmos ao número de homens, são poucas as mulheres prefeitas, governadoras,
vereadoras, deputadas federais, estaduais ou senadoras. Na maioria dos casos,
são os homens que elaboram as leis, definem os orçamentos públicos, programas e
projetos que irão influenciar a vida de homens e de mulheres.
Do ponto de vista masculino muitas
culturas (inclusive a nossa) promovem a ideia de que ser um “homem de verdade”
significa ser provedor e protetor, os adolescentes e jovens são estimulados a
serem agressivos, competitivos e a acreditar que as mulheres devem ser
submissas ao poder deles e responsabilizadas pelo cuidado com a casa e pelos (as)
filhos (as). Nesse processo de socialização dos homens, os meninos geralmente são
criados para aderir a rígidos códigos de honra, que os obrigam a competir e a
usar violência entre si para provarem que são “homens com H”. Meninos que
mostram interesse em cuidar de crianças, que executam tarefas domésticas, que
demonstram suas emoções e que ainda não tiveram relações sexuais são muitas
vezes ridicularizados por suas famílias e colegas, são também associados a
termos grosseiros etc.