Bullying é uma
situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas
de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Segundo a especialista Cléo Fante, o bullying pode
ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias,
vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode
parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o
alvo da ofensa.
Além de um possível isolamento ou
queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes
que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem
apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que
influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega
a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções
trágicas, como o suicídio.
O autor do
bullying é uma
pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o
sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo contrário,
sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão
dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.
Os que atuam como platéia ativa
ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo
também são considerados espectadores. Eles retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão
acostumados com a prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar.
O espectador se fecha aos relacionamentos,
se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro.
O alvo do bullyng costuma ser uma criança com baixa
auto-estima e retraída tanto na escola quanto no lar. Além dos
traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência costumam apresentar
particularidades físicas. As agressões podem ainda abordar aspectos culturais,
étnicos e religiosos.
O aluno que sofre bullying,
principalmente quando não pede ajuda, enfrenta medo e vergonha de ir à escola.
Pode querer abandonar os estudos, não se achar bom para integrar o grupo e
apresentar baixo rendimento. Aqueles
que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e agressividade. Para
mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficaram
impunes, os alvos podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a
provocá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo
Ao
surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata. O
professor pode identificar os atores do bullying: autores, espectadores e
alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas no ambiente
escolar. Mas é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma
agressão.
Para
evitar o bullying, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à
Infância e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes atitudes para um ambiente
saudável na escola:
- Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões;
- Estimular os estudantes a informar os casos;
- Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema;
- Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar;
- Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos;
- Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica do bullying.
A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade", afirma o pediatra Lauro Monteiro Filho.
Fonte: Nova Escola