O envelhecimento é um processo natural, dinâmico,
progressivo e irreversível, no qual ocorrem alterações morfológicas,
bioquímicas, fisiológicas, comportamentais e psicossociais. Assim sendo, há uma
diminuição na saúde, na funcionalidade, na autonomia e na qualidade de vida da
pessoa.
O
envelhecimento pode traduzir-se, parcialmente, pela diminuição da estatura e do
peso, perda de tecido ósseo e muscular, aumento da gordura corporal e diminuição
da quantidade de água corporal.
Compreender
as mudanças na composição corporal que acompanham o processo de envelhecimento
e as suas implicações na saúde é de suma importância, tanto para o conhecimento
gerontológico como para o suporte nutricional do idoso. Estas mudanças estão diretamente
implicadas com o estado funcional e de sobrevivência da população idosa.
O envelhecimento e as Alterações
corporais
Durante o envelhecimento natural do nosso organismo,
as funções fisiológicas começam a declinar progressivamente após os 25 anos,
sendo que este ritmo de declínio não é uniforme entre as pessoas, e que em um
mesmo indivíduo, o declínio da função de seus órgãos também ocorre em ritmo
diferente.
Dentre as alterações corporais fisiológicas, as
medidas antropométricas são as mais afetadas. Aqui, uma dessas mudanças que
é mais visível é a que diz respeito à estatura, pois esta se mantém
até os 40 anos de idade, porém, depois disso, há uma redução de cerca de
um centímetro por década, condição esta que se acentua aos 70 anos. Isso ocorre
devido alterações na coluna vertebral, arqueamento dos membros inferiores e
achatamento do arco plantar. Ademais, o peso, outra medida antropométrica,
também sofre redução após os 60 anos, havendo limitação do Índice de Massa
Corporal (IMC), e redução do peso dos órgãos.
Os idosos sofrem alterações nos órgãos do sentido,
então, no que diz respeito ao paladar, eles possuem uma redução da
sensibilidade por gostos primários, como doce, amargo, ácido e salgado. Para
mais, ainda há uma redução do número de gemas gustativas, uma vez que jovens
possuem 250 gemas gustativas por papila e após os 70 anos, esse número decai
para menos de 100 gemas gustativas por papila.
E outra alteração muito comum de observarmos nos
idosos é a hipodipsia, ou seja, uma redução na sensação de sede, o que ocorre
por disfunções cerebrais e diminuição da sensibilidade dos osmorreceptores.
Existe também uma alteração importante com relação à água
corporal total. Há uma redução de 15% a 20% da quantidade de líquidos no
organismo, principalmente da água que fica dentro das células, a chamada água
intracelular. Quando consideramos a redução de líquidos e o aumento de gorduras
no organismo, entendemos que há alteração, tanto na absorção, quanto no
metabolismo e excreção de medicamentos. Existem drogas chamadas lipofílicas,
aquelas que se ligam à gordura. Exemplo disso é o Diazepam, medicamento que,
por ter efeito cumulativo e ligar-se à gordura corporal, tem uma vida média no
organismo do idoso de 80 horas e, por isso, pode haver dificuldade para ser
eliminada. Pensando nisso, deve ser evitado o uso excessivo de medicamentos
pelo idoso devido à dificuldade em metabolizar e excretar alguns remédios.
A
redução de ingestão alimentar, a “anorexia do envelhecimento”, é fator
importante no desenvolvimento e progressão da sarcopenia, principalmente quando
associada a outras co-morbidades. Múltiplos mecanismos levam à ingestão
alimentar reduzida no idoso, tais como perda de apetite, redução do paladar e
olfato, saúde oral prejudicada, saciedade precoce (relaxamento reduzido do
fundo gástrico, aumento da liberação de colecistocinina em resposta à gordura
ingerida, elevação da leptina). Fatores psicossociais, econômicos e
medicamentosos também estão envolvidos.
Em
um adulto normal estima-se que a perda de massa e força muscular pode
extrapolar o que seria normal ou próprio do envelhecimento (senescência). Nesse
caso temos uma condição, que podemos chamar de síndrome, denominada sarcopenia –
derivada do grego (sarkpenia – sark = carne / penia = perda), diz respeito à
perda de massa muscular levando, como consequência, a diminuição da sua função.
Em
um adulto normal estima-se que a perda de massa muscular ocorra na proporção de
1 a 2% ao ano, podendo esta ser diminuída com medidas preventivas. Se levarmos
em consideração estes valores descritos em inúmeros trabalhos da literatura,
podemos aceitar que na 8ª década da vida o idoso terá somente 50% de sua massa
muscular da juventude.
Outra alteração relevante é a redistribuição desse tecido
adiposo. Ocorre uma redução da quantidade de gordura nos membros (braços e
pernas) e um aumento do acúmulo de gorduras na região do tronco, aumentando,
assim, a chamada gordura central. Quando essa gordura está intrínseca aos
tecidos mais internos (viscerais), tem-se aumento da probabilidade de o indivíduo
apresentar doenças cardíacas.
O diagnóstico é dado a
partir da presença de redução ou perda em 2 dos 3 critérios abaixo:
Massa muscular:
quantidade de tecido muscular do corpo. Um adulto saudável deve possuir em
torno de 60% de massa muscular em seu corpo.
Força muscular:
tensão que o músculo é capaz de gerar em um determinado movimento. Por exemplo,
aperto de mão.
Função muscular:
capacidade de produzir movimento. Por exemplo, segurança e velocidade em
levantar da cadeira e sair andando.
As
intervenções em geral para prevenir ou reverter quadros de Sarcopenia ainda
estão restritos à alimentação e ao exercício físico.
Para
manter a qualidade, os adultos mais velhos devem cumprir um programa de
atividade física que inclui força muscular (musculação, pilates, etc.) e ficar
atentos à ingestão de proteínas e aminoácidos.
O
ideal é fazer exercícios físicos sob a orientação de um profissional de
educação física. A alimentação também deveria ser avaliada e corrigida por
nutricionista. Em casos mais graves e específicos, pode-se fazer uso de
suplementos alimentares específicos. Mas, idosos com deficiência renal devem
procurar um médico, pois a maior ingestão de proteínas e aminoácidos pode
comprometer ainda mais a funcionalidade dos rins.
Fonte
de pesquisa