26 de junho de 2018

Gastrite e alimentação


      Uma das queixas muito frequentes atualmente nos consultórios médicos é a "dor no estômago", chamada pela classe médica de dor epigástrica ou epigastralgia. A "queimação" no estômago ou azia também acompanha o repertório de queixas que pode indicar algum problema no aparelho digestivo.

       A abordagem médica inicial tem como objetivo compreender melhor se os sintomas citados realmente podem ser por problemas estomacais, ou se pode ser por alterações de outros órgãos envolvidos como fígado ou pâncreas, que podem confundir o diagnóstico mais preciso. Uma vez suspeitando-se ser o estômago o órgão desencadeador dos sintomas, exames complementares podem ser solicitados para confirmação diagnóstica, ficando a critério do médico assistente a necessidade ou não dos mesmos.
A gastrite (inflamação da mucosa do estômago) pode ser desencadeada por várias causas, como algumas citadas abaixo:

1)  Colonização por bactéria (Helicobacter pylori).
2)  Uso de medicação por tempo prolongado que agride a mucosa gástrica (anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico).
3)  Aumento da secreção ácida do estômago por estresse (gastrite "nervosa").
4)  Intolerância (individual) a alguns alimentos irritantes da mucosa gástrica.

         Dentro dos tratamentos iniciados para o paciente com gastrite, além da medicação específica, há grande importância para a questão alimentar, sendo muitas vezes decisiva na melhora do quadro clínico.

Cuidados ao se alimentar

        Primeiramente, é importante evitar dar intervalos muito grandes entre as refeições, pois para alguns pacientes predispostos geneticamente o contato do suco ácido do estômago diretamente com as células da mucosa gástrica pode levar a uma irritação local e desencadear a gastrite. Isto não acontece quando o alimento está no estômago funcionando como uma barreira física entre o ácido clorídrico produzido pelo estômago e sua mucosa. Muitas horas sem se alimentar também pode piorar a azia. O ideal é comer de 3 em 3 horas.
Alguns hábitos devem ser estimulados no paciente com gastrite, como fracionar a alimentação em volumes menores, evitar refeições "pesadas" com muitos alimentos, de fácil mastigação e digestão (refeições mais leves) em temperaturas não muito elevadas, a fim de contribuir para a melhora do quadro clínico.

Alimentos que devem ser evitados

      Alimentos mais gordurosos geralmente necessitam de uma digestão mais intensa, exigindo uma produção maior de suco digestivo pelo estômago que, por ser muito ácido, pode piorar o quadro da gastrite, como é o caso das frituras, carnes gordurosas, manteiga, chocolate, queijos gordurosos (amarelos), biscoitos amanteigados, croissants e embutidos como bacon, salame, presunto gordo, salsichas e mortadela. Alguns temperos e condimentos fortes também podem trazer desconforto ao paciente com gastrite, como pimentas, noz-moscada, vinagre, mostarda, cravo-da-índia e páprica, sendo melhor evitá-las principalmente na fase inicial dos tratamentos.
       Alguns pacientes, mas não todos, referem piora da gastrite com algumas frutas mais ácidas como as cítricas: limão, abacaxi, maracujá, laranja, acerola, tangerina e morango. No início dos tratamentos é prudente evitá-las. Alimentos em conserva como o caso dos picles, enlatados, tomates e seus subprodutos como molhos e extratos também são descritos como mal tolerados pelos pacientes, tendo suas ingestas desencorajadas do ponto de vista alimentar.

Cuidados ao ingerir líquidos

         As bebidas alcoólicas causam uma irritação direta na mucosa gástrica, além de estimular o aumento da produção do suco ácido do estômago, sendo, portanto proibido seu uso nos pacientes com gastrite. O café (que contém cafeína) também é descrito como alimento a ser descontinuado, pelos mesmos motivos anteriormente citados, embora alguns pacientes tolerem pequenas quantidades.
      Beber muito líquido nas refeições pode dificultar o processo adequado da digestão, devido à diluição do suco gástrico, sendo o volume máximo de 200 ml o permitido para não atrapalhar a eficiência digestiva e desencadear a sensação de "estufamento" após a refeição. A cultura popular de tomar leite para diminuir a acidez do estômago deve ser evitada, pois ao diminuir abruptamente essa acidez, o corpo interpretará em seguida como "falta" de acidez no estômago e passará a produzir uma quantidade exagerada de suco gástrico, que é ácido, algum tempo depois da ingestão do leite, voltando o sintoma de "queimação", fenômeno chamado de efeito rebote, piorando ainda mais os sintomas dispépticos.

Outros cuidados

       O tabaco (cigarro) pode estimular a produção de ácido clorídrico pelo estômago elevando demasiadamente a acidez local, podendo contribuir para o aparecimento ou para a piora da gastrite, devendo ser formalmente evitado.
Diminuir o estresse, reservando horários para momentos de lazer e relaxamento, buscar psicoterapia de apoio para casos específicos de transtornos da ansiedade e ajuda de medicação específica (sob prescrição médica) em casos mais extremos são atitudes importantes na busca do tratamento da gastrite "nervosa".

Alimentos aliados contra a gastrite

      Quanto aos hábitos alimentares que podem contribuir para a melhora da gastrite ainda é um assunto polêmico na medicina, mas certamente as observações das experiências acumuladas no dia a dia do consultório permitem predizer alguns fatos, como descritos abaixo:

Verduras (cozidas) como couve e espinafre são coadjuvantes no controle a acidez estomacal excessiva, podendo fazer parte das escolhas do dia a dia.
Chás de melissa, erva-cidreira, espinheira santa, erva-doce e camomila podem contribuir como coadjuvantes no alívio dos sintomas, mas jamais substituem os tratamentos medicamentosos.
Por fim, procurar ajuda de médicos e nutricionistas é fundamental para o diagnóstico correto da gastrite e seu tratamento envolvendo também o direcionamento nutricional adequado.
No entanto, nem só de restrições na dieta vive quem tem gastrite. Veja quais hábitos são bem-vindos e quais alimentos não agridem o seu sistema digestivo e ainda controlam a doença - alguns, inclusive, ajudam a recuperar a ferida na parede do estômago.

1. Hortelã e alecrim - Os chás dessas ervas são poderosos aliados da boa digestão. A nutricionista Carla Fiorillo conta que eles também são calmantes digestivos, já que diminuem a acidez do estômago. Com isso, eles atenuam azias, gases e cólicas. Para um efeito mais satisfatório, o ideal é que eles sejam tomados 30 minutos antes das refeições.

2. Frutas não ácida - Laranja lima, banana, maçã, goiaba e mamão estão na lista de frutas liberadas, já que não agridem o estômago. Os seus sucos também podem ser ingeridos sem medo. A quantidade indicada pela nutricionista Andréia Ceschin de Avelar é de quatro a cinco porções por dia no café da manhã, no meio da manhã, como sobremesa do almoço, entre almoço e jantar e outra no jantar, sendo cada porção uma fruta ou uma fatia.

3. Suco de Aloe vera - Segundo a nutricionista Fernanda Granja, o suco de Aloe vera, erva também conhecida como babosa, tem poder cicatrizante. Ou seja, além de não ser prejudicial, ainda contribui na cura da ferida estomacal. O suco já é vendido pronto e 50 ml ingeridos em jejum, ou antes, de dormir diariamente são suficientes.

4.  Alimentos com lactobacilos - "Às vezes, a gastrite mata as bactérias boas do estômago e sem elas, o tecido não se recupera", explica a nutricionista Fernanda Granja. Por isso, a reposição dos lactobacilos é importante para povoar o estômago com bactérias benéficas e, assim, para a cura da gastrite. Lactobacilos são encontrados em iogurtes e, até mesmo, vendidos em pó.

5. Biomassa de banana verde - Quando cozida, a banana verde apresenta um amido resistente, definido como pré-biótico. Essa substância funciona como alimento dos lactobacilos, mantendo-os vivos. Quando uma pessoa desenvolve gastrite, seu estômago é povoado com bactérias más, ocasionando déficit de bactérias boas. Ao ingerir a biomassa, os lactobacilos permanecem vivos, auxiliando na recuperação do tecido, como explica a nutricionista Fernanda Granja.

6. Peixe e frango com pouca gordura

Você não precisa cortar a carne de seu cardápio por causa da gordura. Carnes de frango cozido, refogado ou grelhado; peixes não muito gordurosos como pescadas e merluza - ao forno ou grelhados - e carnes vermelhas menos gordurosas - o que inclui patinho, coxão mole e lagarto - estão liberadas, segundo a nutricionista Andréia Ceschin de Avelar. Mas nada de frituras!

7. Suco verde

Segundo a nutricionista Fernanda Granja, o suco de salsinha e couve é rico em clorofila, uma substância energizante e cheia de zinco e antioxidantes, itens necessários para a recuperação do estômago, além de vitamina C e magnésio. Para o preparo, bata os ingredientes verdes com suco de uma fruta, água e linhaça germinada. Para germinar a linhaça, basta colocar uma colher de sopa em um copo com água. Depois de quatro horas, a semente estará pronta para ser adicionada no suco verde.

8. Legumes ou verduras refogadas

Consuma legumes e verduras - tanto no almoço quanto no jantar - mas lembre-se de refogá-los, já que folhas muito dura podem incomodar as paredes de seu estômago. Por isso, a nutricionista Andréia Ceschin de Avelar aconselha que o consumo in natura de verduras como repolho, couve crua, escarola, alface e agrião seja evitado, pelo menos no começo.

9. Caldo de feijão

A nutricionista Andréia Ceschin de Avelar conta que, embora o grão do feijão deva ser evitado por causa da fermentação que provoca, o seu caldo pode ser aproveitado. Além de ele ser facilmente digerido, você pode aproveitar os nutrientes que o feijão oferece e ainda matar a vontade, já que o gosto do caldo não se modifica quando separado do grão. Sopas de legumes e canjas também estão liberadas.

10. Bolachas água e sal

A dica da nutricionista Andréia Ceschin de Avelar, é comer bolachas de água e sal ou maisena (nada de bolachas recheadas, pois são muito gordurosas) e frutas nos intervalos das refeições, para evitar que o estômago fique vazio (já que, quando vazio, o suco gástrico corroerá suas paredes, agravando a ferida). Além disso, a nutricionista Carla Fiorillo indica que sejam feitas de quatro a cinco refeições por dia - com calma, em poucas quantidades.

Conheça os alimentos e hábitos que são os verdadeiros vilões da gastrite

        Ficar em jejum - Sabe quando você acorda com aquela dor no estômago que simplesmente não passa que lembra um enjoo, ou quando no decorrer do dia ela surge, vai piorando e você decide não comer? Então, "o jejum prolongado pode desencadear a dor de estômago, que é o principal sintoma da gastrite", afirma Maira Marzinotto, gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. O ideal é comer alimentos saudáveis, com pouca gordura e de fácil digestão a cada três ou quatro horas, além de não pular refeições.

Cafeína - "Apesar de não haver comprovação científica de que a cafeína desencadeie crises de gastrite, ela é um agente irritativo do trato intestinal em qualquer quantidade, então ela deve ser evitada por pacientes com gastrite", diz a gastroenterologista Paula Ferreira Lacerda. A cafeína está presente no café, chás, refrigerantes, chocolates e entre outros.

Bebidas alcoólicas e cigarro - Qualquer bebida alcoólica - fermentada, destilada e até o vinho - pode piorar os sintomas da gastrite. Logo, durante as crises o seu uso é completamente desaconselhado e, depois de passados os sintomas, se quiser beber, é bom que o faça com muita cautela. "Quanto ao cigarro, existem inúmeros componentes na formulação que são agressivos ao estômago, como a própria nicotina e o alcatrão. Caso se consiga parar de fumar e beber, a gastrite tende a melhorar muito", diz Maira.

Estresse, ansiedade e depressão - O estresse, a ansiedade e a depressão também podem estar relacionados ao aparecimento dos sintomas da gastrite, além da própria gastrite nervosa. "Os três problemas são grandes fatores desencadeadores de crises de gastrite, uma vez que todo o trato gastrintestinal é interligado com o sistema nervoso central, assim, reações de estresse, ansiedade e até depressão podem influenciar e agravar os sintomas", explica Paula. "Com certeza eles podem influenciar nos sintomas da gastrite, mas são mais relevantes causas como a alimentação, hábitos de vida, tendência genética e infecção bacteriana - que também podem estar presentes nos quadros de ansiedade, estresse e depressão", afirma o psiquiatra Ivan Mario Braun.

Evite alimentos ácidos - Alimentos ácidos também compõe a lista dos "vilões" para quem tem gastrite. Isso acontece porque "a gastrite pode ter relação com a quantidade de ácido dentro do estômago. No momento em que ingerimos algum alimento ácido, esse se junta ao suco gástrico, composto principalmente de ácido clorídrico, e pode agravar uma inflamação já existente", explica Maira. Dentre os alimentos ácidos estão às frutas cítricas, como o limão, a laranja e o abacaxi, mas um simples tomate também pode interferir.

Fuja de frituras e embutidos - Os alimentos gordurosos, como as frituras e os embutidos (linguiça e salsicha, por exemplo) podem piorar os sintomas e causar a sensação de estar "cheio", como se o alimento estivesse parado, um quadro de má digestão. "Os alimentos gordurosos demoram mais tempo para serem digeridos e também demandam mais enzimas para a digestão, o que causa estes sintomas. Os embutidos, além disto, têm muitos conservantes que irritam o estômago e alteram a sua motilidade, portanto devem ser evitados também", orienta Paula. Para saber mais sobre a dieta para quem tem gastrite.

Temperos para evitar - Sim, um simples tempero ou condimento pode estar desencadeando os sintomas da sua gastrite. Se destacam entre estes temperos os apimentados, com excesso de alho ou de cebola, pimentão e os bastantes ácidos, como os que contêm limão. Isso porque "são alimentos que irritam a mucosa (parede) do estômago, potencializando a inflamação, mas atenção, geralmente eles não são os causadores da gastrite - que é a inflamação da mucosa gástrica , mas podem piorar o quadro e os sintomas", afirma a gastroenterologista Maira.

Chicletes e balas - Pessoas que já têm predisposição a desenvolver gastrite podem ter esse sintoma agravado ou desencadeado quando mascam chicletes ou balas. Isso porque a digestão começa pela boca, na própria mastigação antes de engolir os alimentos, o que já prepara o trato gastrointestinal para receber a comida. "No caso do chiclete, a digestão é desencadeada, mas não utilizada, portanto expõe a mucosa do estomago, esôfago e intestino à acidez e enzima, o que pode piorar os sintomas dispépticos", afirma Paula.

1 de junho de 2018

O lixo


O lixo é um dos maiores problemas ambientais em âmbito mundial. Ele é um fenômeno puramente humano, uma vez que na natureza não existe, pois tudo no ambiente agrega elementos de renovação e reconstrução do mesmo. Nesse contexto, pode ser encontrado no estado sólido, líquido e gasoso.

Sabe-se que o desenvolvimento econômico, crescimento populacional, a urbanização e a revolução tecnológica vêm sendo acompanhados por alterações no estilo de vida e nos modos de produção e consumo da população. Como decorrência direta desses processos, vêm ocorrendo um aumento na produção de resíduos, tanto em quantidade como em diversidade, principalmente nos grandes centros urbanos. Além do acréscimo na quantidade, os resíduos produzidos atualmente passaram a abrigar na sua composição elementos sintéticos e perigosos aos ecossistemas e a saúde humana, em virtude das novas tecnologias incorporadas no cotidiano. 

Embora tenha havido progresso nos últimos vinte anos, o lixo e grande parte desses detritos não são processados, ou seja, o excedente vai sendo armazenado em proporções alarmantes e o problema cresce gradativamente.

Nas cidades que dispõem de coleta de lixo, esse é deslocado para um lugar específico denominado lixão, onde ficam concentradas enormes quantidades de detritos que se encontram a céu aberto, porém existem também os aterros sanitários, lugares destinados a armazenar o lixo, nesse caso os resíduos são enterrados e compactados. Esses lugares possuem uma paisagem degradada e é um ponto de concentração de doenças e mau cheiro, não é recomendável o contato humano nesse ambiente por causa da insalubridade.

Os dois tipos de depósitos se estabelecem em áreas periféricas que estão sobre fortes problemas de ordem ambiental e social. Muitas vezes o lixo pode ter outros destinos, como áreas desabitadas, encostas, rios e córregos. Esse processo é comum em países subdesenvolvidos onde existem bairros que possuem pouca ou nenhuma coleta de lixo, como esse não tem seu destino adequado produz inúmeros problemas no ambiente e também às pessoas da comunidade. Dentre os principais estão: disseminação de doenças, decomposição de matéria orgânica que gera odor desagradável e produz chorume, contaminação do solo por produtos tóxicos e das pessoas que estão em contato, deslizamento de encosta, assoreamento de mananciais e enchentes, armazenamento de materiais que não são biodegradáveis, além de estragar a paisagem.

Outro ponto não menos importante está na questão social decorrente dos lixões que tornaram uma prova viva da exclusão social e degradação humana, é comum nesses locais a presença de centenas de pessoas que diariamente buscam materiais e objetos que possam ser vendidos para o processo de reciclagem e também restos de alimentos que muitas vezes já se encontram estragados e que mesmo assim são consumidos. Os lixões refletem diretamente as desigualdades sociais presentes em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, além de deixar explícita a degradação humana.

Sabemos que não há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa produção, reduzindo o desperdício, reutilizando sempre que possível e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva, pois a correta destinação dos resíduos sólidos é condição primordial para uma cidade sustentável.

Diante de todas as considerações fica evidente que a simples construção de aterros e instalações de lixões não pode ser considerada como uma solução é preciso encontrar maneiras menos impactantes e mais eficientes em caráter ambiental e social.
O lixo deve ser tratado com prudência, pois compromete as reservas de recursos naturais, além de poluir e comprometer outros ambientes.

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