Uma das queixas muito frequentes
atualmente nos consultórios médicos é a "dor no estômago", chamada
pela classe médica de dor epigástrica ou epigastralgia. A "queimação"
no estômago ou azia também acompanha o repertório de queixas que pode indicar
algum problema no aparelho digestivo.
A abordagem médica inicial tem como
objetivo compreender melhor se os sintomas citados realmente podem ser por
problemas estomacais, ou se pode ser por alterações de outros órgãos envolvidos
como fígado ou pâncreas, que podem confundir o diagnóstico mais preciso. Uma
vez suspeitando-se ser o estômago o órgão desencadeador dos sintomas, exames
complementares podem ser solicitados para confirmação diagnóstica, ficando a critério
do médico assistente a necessidade ou não dos mesmos.
A gastrite (inflamação da mucosa do
estômago) pode ser desencadeada por várias causas, como algumas citadas abaixo:
1) Colonização por bactéria (Helicobacter pylori).
2) Uso de medicação por tempo prolongado que agride a mucosa gástrica (anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico).
3) Aumento da secreção ácida do estômago por estresse (gastrite "nervosa").
4) Intolerância (individual) a alguns alimentos irritantes da mucosa gástrica.
1) Colonização por bactéria (Helicobacter pylori).
2) Uso de medicação por tempo prolongado que agride a mucosa gástrica (anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico).
3) Aumento da secreção ácida do estômago por estresse (gastrite "nervosa").
4) Intolerância (individual) a alguns alimentos irritantes da mucosa gástrica.
Dentro dos tratamentos iniciados para o paciente com gastrite, além da medicação específica, há grande importância para a questão alimentar, sendo muitas vezes decisiva na melhora do quadro clínico.
Cuidados ao se alimentar
Primeiramente, é importante evitar dar
intervalos muito grandes entre as refeições, pois para alguns pacientes
predispostos geneticamente o contato do suco ácido do estômago diretamente com
as células da mucosa gástrica pode levar a uma irritação local e desencadear a
gastrite. Isto não acontece quando o alimento está no estômago funcionando como
uma barreira física entre o ácido clorídrico produzido pelo estômago e sua
mucosa. Muitas horas sem se alimentar também pode piorar a azia. O ideal é
comer de 3 em 3 horas.
Alguns hábitos devem ser estimulados no
paciente com gastrite, como fracionar a alimentação em volumes menores, evitar
refeições "pesadas" com muitos alimentos, de fácil mastigação e
digestão (refeições mais leves) em temperaturas não muito elevadas, a fim de
contribuir para a melhora do quadro clínico.
Alimentos que devem ser evitados
Alimentos mais gordurosos geralmente
necessitam de uma digestão mais intensa, exigindo uma produção maior de suco
digestivo pelo estômago que, por ser muito ácido, pode piorar o quadro da
gastrite, como é o caso das frituras,
carnes gordurosas, manteiga, chocolate, queijos gordurosos (amarelos),
biscoitos amanteigados, croissants e embutidos como bacon, salame, presunto
gordo, salsichas e mortadela. Alguns temperos e condimentos fortes também podem
trazer desconforto ao paciente com gastrite, como pimentas, noz-moscada,
vinagre, mostarda, cravo-da-índia e páprica, sendo melhor evitá-las
principalmente na fase inicial dos tratamentos.
Alguns pacientes, mas não todos,
referem piora da gastrite com algumas frutas mais ácidas como as cítricas:
limão, abacaxi, maracujá, laranja, acerola, tangerina e morango. No início dos
tratamentos é prudente evitá-las. Alimentos em conserva como o caso dos picles,
enlatados, tomates e seus subprodutos como molhos e extratos também são
descritos como mal tolerados pelos pacientes, tendo suas ingestas
desencorajadas do ponto de vista alimentar.
Cuidados ao ingerir líquidos
As bebidas alcoólicas causam uma
irritação direta na mucosa gástrica, além de estimular o aumento da produção do
suco ácido do estômago, sendo, portanto proibido seu uso nos pacientes com
gastrite. O café (que contém cafeína) também é descrito como alimento a ser
descontinuado, pelos mesmos motivos anteriormente citados, embora alguns
pacientes tolerem pequenas quantidades.
Beber muito líquido nas refeições pode
dificultar o processo adequado da digestão, devido à diluição do suco gástrico,
sendo o volume máximo de 200 ml o permitido para não atrapalhar a eficiência
digestiva e desencadear a sensação de "estufamento" após a refeição.
A cultura popular de tomar leite para diminuir a acidez do estômago deve ser
evitada, pois ao diminuir abruptamente essa acidez, o corpo interpretará em
seguida como "falta" de acidez no estômago e passará a produzir uma
quantidade exagerada de suco gástrico, que é ácido, algum tempo depois da
ingestão do leite, voltando o sintoma de "queimação", fenômeno
chamado de efeito rebote, piorando ainda mais os sintomas dispépticos.
Outros cuidados
O tabaco (cigarro) pode estimular a
produção de ácido clorídrico pelo estômago elevando demasiadamente a acidez
local, podendo contribuir para o aparecimento ou para a piora da gastrite,
devendo ser formalmente evitado.
Diminuir o estresse, reservando
horários para momentos de lazer e relaxamento, buscar psicoterapia de apoio
para casos específicos de transtornos da ansiedade e ajuda de medicação
específica (sob prescrição médica) em casos mais extremos são atitudes
importantes na busca do tratamento da gastrite "nervosa".
Alimentos aliados contra a gastrite
Quanto aos hábitos alimentares que
podem contribuir para a melhora da gastrite ainda é um assunto polêmico na
medicina, mas certamente as observações das experiências acumuladas no dia a
dia do consultório permitem predizer alguns fatos, como descritos abaixo:
Verduras (cozidas) como couve e espinafre são
coadjuvantes no controle a acidez estomacal excessiva, podendo fazer parte das
escolhas do dia a dia.
Chás de melissa, erva-cidreira, espinheira santa, erva-doce e camomila podem contribuir como coadjuvantes no alívio dos sintomas, mas jamais substituem os tratamentos medicamentosos.
Chás de melissa, erva-cidreira, espinheira santa, erva-doce e camomila podem contribuir como coadjuvantes no alívio dos sintomas, mas jamais substituem os tratamentos medicamentosos.
Por fim, procurar ajuda de médicos e
nutricionistas é fundamental para o diagnóstico correto da gastrite e seu
tratamento envolvendo também o direcionamento nutricional adequado.
No entanto, nem só de restrições na
dieta vive quem tem gastrite. Veja quais hábitos são bem-vindos e quais
alimentos não agridem o seu sistema digestivo e ainda controlam a doença -
alguns, inclusive, ajudam a recuperar a ferida na parede do estômago.
1.
Hortelã e alecrim - Os chás dessas ervas são poderosos aliados da boa
digestão. A nutricionista Carla Fiorillo conta que eles também são calmantes
digestivos, já que diminuem a acidez do estômago. Com isso, eles atenuam azias,
gases e cólicas. Para um efeito mais satisfatório, o ideal é que eles sejam
tomados 30 minutos antes das refeições.
2. Frutas não ácida - Laranja
lima, banana, maçã, goiaba e mamão estão na lista de frutas liberadas, já que
não agridem o estômago. Os seus sucos também podem ser ingeridos sem medo. A quantidade
indicada pela nutricionista Andréia Ceschin de Avelar é de quatro a cinco
porções por dia no café da manhã, no meio da manhã, como sobremesa do almoço,
entre almoço e jantar e outra no jantar, sendo cada porção uma fruta ou uma
fatia.
3. Suco de Aloe vera - Segundo
a nutricionista Fernanda Granja, o suco de Aloe vera, erva também
conhecida como babosa, tem poder cicatrizante. Ou seja, além de não ser
prejudicial, ainda contribui na cura da ferida estomacal. O suco já é vendido
pronto e 50 ml ingeridos em jejum, ou antes, de dormir diariamente são
suficientes.
4. Alimentos com lactobacilos - "Às vezes, a gastrite mata as bactérias boas
do estômago e sem elas, o tecido não se recupera", explica a nutricionista
Fernanda Granja. Por isso, a reposição dos lactobacilos é importante para
povoar o estômago com bactérias benéficas e, assim, para a cura da gastrite.
Lactobacilos são encontrados em iogurtes e, até mesmo, vendidos em pó.
5. Biomassa de banana verde - Quando
cozida, a banana verde apresenta um amido resistente, definido como pré-biótico.
Essa substância funciona como alimento dos lactobacilos, mantendo-os vivos.
Quando uma pessoa desenvolve gastrite, seu estômago é povoado com bactérias
más, ocasionando déficit de bactérias boas. Ao ingerir a biomassa, os
lactobacilos permanecem vivos, auxiliando na recuperação do tecido, como
explica a nutricionista Fernanda Granja.
6. Peixe e frango com pouca gordura
Você não precisa cortar a carne de seu
cardápio por causa da gordura. Carnes de frango cozido, refogado ou grelhado;
peixes não muito gordurosos como pescadas e merluza - ao forno ou grelhados - e
carnes vermelhas menos gordurosas - o que inclui patinho, coxão mole e lagarto
- estão liberadas, segundo a nutricionista Andréia Ceschin de Avelar. Mas nada
de frituras!
7. Suco verde
Segundo a nutricionista Fernanda
Granja, o suco de salsinha e couve é rico em clorofila, uma substância
energizante e cheia de zinco e antioxidantes, itens necessários para a recuperação do estômago,
além de vitamina
C e magnésio. Para o preparo, bata
os ingredientes verdes com suco de uma fruta, água e linhaça germinada. Para
germinar a linhaça, basta colocar uma colher de sopa em um copo com água.
Depois de quatro horas, a semente estará pronta para ser adicionada no suco
verde.
8. Legumes ou verduras refogadas
Consuma legumes e verduras - tanto no
almoço quanto no jantar - mas lembre-se de refogá-los, já que folhas muito dura
podem incomodar as paredes de seu estômago. Por isso, a nutricionista Andréia
Ceschin de Avelar aconselha que o consumo in natura de
verduras como repolho, couve crua, escarola, alface e agrião seja evitado, pelo
menos no começo.
9. Caldo de feijão
A nutricionista Andréia Ceschin de
Avelar conta que, embora o grão do feijão deva ser evitado por causa da
fermentação que provoca, o seu caldo pode ser aproveitado. Além de ele ser
facilmente digerido, você pode aproveitar os nutrientes que o feijão oferece e
ainda matar a vontade, já que o gosto do caldo não se modifica quando separado do
grão. Sopas de legumes e canjas também estão liberadas.
10. Bolachas água e sal
A dica da nutricionista Andréia Ceschin
de Avelar, é comer bolachas de água e sal ou maisena (nada de bolachas
recheadas, pois são muito gordurosas) e frutas nos intervalos das refeições,
para evitar que o estômago fique vazio (já que, quando vazio, o suco gástrico
corroerá suas paredes, agravando a ferida). Além disso, a nutricionista Carla
Fiorillo indica que sejam feitas de quatro a cinco refeições por dia - com
calma, em poucas quantidades.
Conheça os alimentos e hábitos que são os
verdadeiros vilões da gastrite
Ficar em jejum - Sabe
quando você acorda com aquela dor no estômago que simplesmente não passa que
lembra um enjoo, ou quando no decorrer do dia ela surge, vai piorando e você
decide não comer? Então, "o jejum prolongado pode desencadear a dor de
estômago, que é o principal sintoma da gastrite", afirma Maira Marzinotto,
gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. O ideal é
comer alimentos saudáveis, com pouca gordura e de fácil digestão a cada três ou
quatro horas, além de não pular refeições.
Cafeína - "Apesar
de não haver comprovação científica de que a cafeína desencadeie crises de
gastrite, ela é um agente irritativo do trato intestinal em qualquer
quantidade, então ela deve ser evitada por pacientes com gastrite", diz a
gastroenterologista Paula Ferreira Lacerda. A cafeína está presente no café,
chás, refrigerantes, chocolates e entre outros.
Bebidas alcoólicas e cigarro - Qualquer
bebida alcoólica - fermentada, destilada e até o vinho - pode piorar os
sintomas da gastrite. Logo, durante as crises o seu uso é completamente
desaconselhado e, depois de passados os sintomas, se quiser beber, é bom que o
faça com muita cautela. "Quanto ao cigarro, existem inúmeros componentes
na formulação que são agressivos ao estômago, como a própria nicotina e o
alcatrão. Caso se consiga parar de fumar e beber, a gastrite tende a melhorar
muito", diz Maira.
Estresse, ansiedade e depressão - O
estresse, a ansiedade e a depressão também podem estar relacionados ao
aparecimento dos sintomas da gastrite, além da própria gastrite nervosa.
"Os três problemas são grandes fatores desencadeadores de crises de
gastrite, uma vez que todo o trato gastrintestinal é interligado com o sistema
nervoso central, assim, reações de estresse, ansiedade e até depressão podem
influenciar e agravar os sintomas", explica Paula. "Com certeza eles
podem influenciar nos sintomas da gastrite, mas são mais relevantes causas como
a alimentação, hábitos de vida, tendência genética e infecção bacteriana - que
também podem estar presentes nos quadros de ansiedade, estresse e
depressão", afirma o psiquiatra Ivan Mario Braun.
Evite alimentos ácidos - Alimentos
ácidos também compõe a lista dos "vilões" para quem tem gastrite.
Isso acontece porque "a gastrite pode ter relação com a quantidade de
ácido dentro do estômago. No momento em que ingerimos algum alimento ácido,
esse se junta ao suco gástrico, composto principalmente de ácido clorídrico, e
pode agravar uma inflamação já existente", explica Maira. Dentre os
alimentos ácidos estão às frutas cítricas, como o limão, a laranja e o abacaxi,
mas um simples tomate também pode interferir.
Fuja de frituras e embutidos - Os
alimentos gordurosos, como as frituras e os embutidos (linguiça e salsicha, por
exemplo) podem piorar os sintomas e causar a sensação de estar
"cheio", como se o alimento estivesse parado, um quadro de má
digestão. "Os alimentos gordurosos demoram mais tempo para serem digeridos
e também demandam mais enzimas para a digestão, o que causa estes sintomas. Os
embutidos, além disto, têm muitos conservantes que irritam o estômago e alteram
a sua motilidade, portanto devem ser evitados também", orienta Paula. Para
saber mais sobre a dieta para quem tem gastrite.
Temperos para evitar - Sim, um
simples tempero ou condimento pode estar desencadeando os sintomas da sua
gastrite. Se destacam entre estes temperos os apimentados, com excesso de alho
ou de cebola, pimentão e os bastantes ácidos, como os que contêm limão. Isso
porque "são alimentos que irritam a mucosa (parede) do estômago,
potencializando a inflamação, mas atenção, geralmente eles não são os
causadores da gastrite - que é a inflamação da mucosa gástrica , mas podem
piorar o quadro e os sintomas", afirma a gastroenterologista Maira.
Chicletes e balas - Pessoas
que já têm predisposição a desenvolver gastrite podem ter esse sintoma agravado
ou desencadeado quando mascam chicletes ou balas. Isso porque a digestão começa
pela boca, na própria mastigação antes de engolir os alimentos, o que já
prepara o trato gastrointestinal para receber a comida. "No caso do
chiclete, a digestão é desencadeada, mas não utilizada, portanto expõe a mucosa
do estomago, esôfago e intestino à acidez e enzima, o que pode piorar os
sintomas dispépticos", afirma Paula.
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